29/04/2010

Francamente... Estou desanimada... Com tudo, as pessoas, as coisas, os lugares, o mundo...

Só tenho vontade de ficar embaixo das cobertas... E ficaria, o dia todo, se pudesse, o dia todo... Com as janelas trancadas e a porta também (se eu pudesse trancar a porta) e as minhas cortinas pretas que me escondem do sol... Sol irritante, que brilha para mim como brilha para os outros, como se também eu pudesse ser feliz... Na maior parte do tempo não me sinto feliz nem triste, é mais uma apatia... Um vazio, uma vontade de nada... Uma indiferença para com a vida, como se nada mais tivesse significado.

Acho o W* um fofo, mas não estou apaixonada por ele, nunca estive, e também não estou mais apaixonada pelo M*... Os estudos não me empolgam e nada me motiva a ir à escola, além da obrigação... Não gosto de ter que escolher roupas todos os dias afim de me sentir menos feia, ou fora de moda, eu só me obrigo...

Apesar da apatia ocupar a maior parte do meu tempo, às vezes eu rio, na frente das outras pessoas, com meus colegas, mas não é uma felicidade verdadeira, é só um grito desesperado por ajuda, uma tentativa de não ouvir minha própria solidão... E agora, trancada no meu quarto, ouvindo música, eu tenho vontade de chorar...

Não tenho mais ânimo para fazer dieta... Só de pensar em ficar sem comer ou vômitar eu sinto preguiça... Isso mesmo, preguiça de não comer... Por que eu não podia ao menos sentir preguiça de comer ao invés do contrário?

Amanhã pela manhã tenho consulta com meu psiquiatra... O primeiro, que eu não vejo há mais de dois anos. E o meu favorito. Aliás, o único que eu realmente gostei. Cabelos compridos, olhos invasivos, observador, olhar penetrante, poucas palavras. Uma vez ele me disse "Hoje é a primeira vez que você sorri dentro do meu consultório." Acho que foi na última vez em que o vi. E eu tinha ficado tão exultante com aquela observação... Na época pensei que meus pais não queriam mais que ele fosse o meu médico só pelo fato de ele ter cabelos compridos (maldito preconceito), mas a uns quinze dias atrás, minha mãe confessou que o achava bonito, e ela acha que pessoas bonitas não podem ser boas profissionalmente. Alguém me dá um tapa e diz que eu sonhei que ela disse isso, porque um absurdo desses não pode ser real.